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do blogo do Jomar


O que penso sobre o Apache OpenOffice.org: Um convite ao trabalho colaborativo !
http://homembit.com/2011/06/o-que-penso-sobre-o-apache-openofficeorg-um-convite-ao-trabalho-colaborativo.html


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um padrão aberto, gratuito e homologado pela ISO e ABNT.
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http://www.documentfoundation.org/

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O que penso sobre o Apache OpenOffice.org: Um convite ao trabalho colaborativo !
http://homembit.com/2011/06/o-que-penso-sobre-o-apache-openofficeorg-um-convite-ao-trabalho-colaborativo.html

June 17th, 2011



Acredito que muita gente já está sabendo no dia 1 de junho a Oracle anunciou a doação do código fonte e da licença de marca do OpenOffice.org para a Fundação Apache. Inicialmente o projeto foi recebido pela incubadora da Apache, e logo após o anúncio a discussão começou por lá.

Eu estou acompanhando e participando das discussões na lista da incubadora da Apache desde o primeiro dia, e me inscrevi como commiter do projeto logo no início. Para terem uma ideia melhor do que significa “acompanhar” a lista de discussões da incubadora da apache, tivemos um pico de quase 400 e-mails por dia durante o primeiro final de semana de discussões (sim, quase 800 e-mails para ler em um final de semana).

Após alguns dias de discussão, na última segunda feira (13/06) o projeto foi aceito por ampla maioria na incubadora da Apache e é agora um projeto incubado (chamado de podling dentro da Apache), e temos muita gente trabalhando bastante por lá para que ele se torne um projeto graduado em breve. A proposta de projeto pode ser acessada aqui, e a página do projeto incubado aqui. Como podem ver, ainda estamos acertando toda a infra do projeto por lá, e muitos dos commiters citados na proposta ainda não efetivaram suas contas, processo que deve levar mais alguns dias (a minha mesmo está na etapa final).

Gosto de ver que temos atualmente no projeto muita gente nova e disposta a ajudar, mas também muita gente que trabalha no software desde os anos 90, ex funcionários da Star Division (onde o StarOffice foi criado), Sun e Oracle, agora contribuindo de forma individual. São pessoas que passaram grande parte da sua vida trabalhando neste projeto e portanto para eles este não é “mais um” projeto… Acredito que o compartilhamento e o nivelamento de conhecimentos por lá será grande, e isso vai reduzir bastante a curva de aprendizado para os “novatos” como eu no projeto.

Não vou discutir aqui a decisão da Oracle de doar o código para a Fundação Apache ao invés de entregar a outra fundação qualquer (como a The Document Foundation, que mantém o LibreOffice), muito menos sobre a especulação de que a IBM está por trás desta iniciativa (estes foram tópicos mais do que debatidos durante os primeiros dias de discussão, dado que muita gente foi pega de surpresa pelo anúncio).

Não entro nestes detalhes, pois acredito que seja perda de tempo discutir o passado, e prefiro encarar as coisas desta forma:

- A Oracle doou o código e a licença de marca à Apache, e isto é um fato.

- Pelo que sei sobre a estrutura decisória dentro da Oracle, a única lei que vale por lá é a “Lei de Ellison” e portanto duvido que IBM ou qualquer outra empresa tenha tanto poder de influência assim sobre eles.

Falando em Ellisson, escrevi um artigo há alguns meses com minhas impressões sobre ele e sobre o “mal” que ele poderia fazer a todo o eco sistema FLOSS, e vejo que a doação agora em questão minimiza um pouco este dano. Se olharmos as possibilidades, a Oracle podia muito bem ter decidido simplesmente enterrar o projeto e sua licença de marca.

Deixando de lado o passado, evitando discussões que literalmente não vão nos levar a nada e só nos causar perda uma de tempo e de talento enorme (além de deixar algumas cicatrizes complicadas), quero falar um pouco aqui sobre os motivos que me fazem acreditar que o Apache OpenOffice.org pode sim ser uma excelente notícia para toda a comunidade.

Um dos artigos que resume muito bem algumas coisas que penso a este respeito foi escrito pelo Rob Weir em seu blog, e o recado lá pode ser resumido de forma bem rápida: A real disputa de mercado não é entre a suíte de escritório em FLOSS A, B ou C, mas entre as suítes de escritório em FLOSS e a suíte de escritório proprietária que ainda reina absoluta no mercado. No final das contas, a disputa aqui é entre a proliferação e adoção maciça do padrão ODF versus os padrões proprietários e o nosso velho amigo OpenXML (que aliás está agora em uma fase bem complicada, uma vez que a Microsoft perdeu o processo para a i4i na Suprema Corte Norte Americana há alguns dias).

Eu acredito que o Apache OpenOffice.org (AOOo a partir de agora neste texto) possa se tornar em breve algo como um “kernel” de suíte de escritórios que poderá ser reutilizado por diversas empresas e organizações em pessoas no mundo todo. Poderá ser utilizads como está, ou complementada com outras funcionalidades.

Imagino um futuro do AOOo, muito parecido com o próprio kernel Linux, mantido e desenvolvido de forma colaborativa por uma fundação, utilizado por comunidades e empresas no mundo todo para a criação de “distribuições” específicas para cada necessidade ou nicho de mercado.

Não vou entrar aqui na discussão filosófica sobre a Licença Apache V2 versus a GPL, pois como já disse, o OOo na Apache é fato consumado, mas entendo que o resultado de mercado será a participação de mais empresas no ecossistema e a volta real de competitividade na indústria de suítes de escritório.

Isso para mim é algo inédito na indústria de TI, pois devido ao monopólio de fato de mercado vivido na área, pode-se considerar que a indústria de suítes de escritório praticamente foi extinta há alguns anos, e foi o OpenOffice que de fato evitou a extinção deste setor. A ida do projeto para a Apache, na minha opinião, vai agir como um catalizador e permitir que a competição realmente volte a existir neste setor, que agora renasce das cinzas através de um “core” em Open Source.

Olhando finalmente para o projeto, eu acredito que o código fonte do AOOo poderá ser reestruturado para que possamos ter uma arquitetura que permita sua reutilização por outros projetos (como o próprio LibreOffice) de forma bem modularizada. É como uma loja de componentes eletrônicos, onde você escolhe os componentes que quer (ou precisa) utilizar, integra-os de forma a atender às suas necessidades (ou às necessidades de seus usuários) e faz o que bem quiser com o produto final. Gosto da licença permissiva da Apache de, pois na realidade a imensa maioria dos desenvolvedores que estão por lá querem na verdade uma única coisa: Que o software seja utilizado no mundo todo !

Com base nesta ideia de modularizar o software, eu elaborei o diagrama abaixo que é a minha visão de onde poderemos chegar um dia com o projeto. Reforço aqui que esta é a minha visão e de forma alguma a visão dos demais membros do projeto, e uma vez que uma das regras por lá é “é mais fácil pedir desculpas do que autorização”, publico a minha ideia aqui no meu blog sem ter discutido ela com ninguém por lá.

Acredito que termos um core com as funções primordiais das aplicações da suíte é algo extremamente óbvio, e também é óbvio imaginar que este core não é um bloco monolítico como representado neste diagrama, mas a ideia aqui é mostrar que todos os objetos e funções de processamento dos documentos em memória fiquem centralizados em um único local.

Gosto da ideia de separar a interface gráfica do projeto (GUI) do restante, pois podem existir requisitos ou casos de uso onde uma interface simplificada ou diferenciada seja necessária.

A existência de um mecanismo para extensões e plug ins bem definido é fundamental para que se possa complementar o software com qualquer extensão necessária, e normalmente estas extensões atendem a requisitos de um grupo de usuários específicos, como o verificador gramatical da Língua Portuguesa. É através deste mecanismos que veremos inovações serem incorporadas ao projeto com a velocidade da luz, e tenho plena confiança de que a comunidade de FLOSS vai se beneficiar disso, uma vez que o conhecimento técnico e o tempo necessário para escrever uma extensão são infinitamente menores do que o conhecimento e tempo necessários para modificar o “core” da suíte de escritório.

Linguagens de script são muito utilizadas hoje em dia, e tenho certeza que a linguagem de script da moda daqui a cinco anos ainda não foi criada. Por isso mesmo eu acredito que um mecanismo de suporte a scripts seja interessante, pois através dele será possível a utilização de scripts em diversas linguagens manipulando objetos e funções dentro do AOOo.

O Ooo já possui o UNO, um conjunto de APIs muito utilizado por diversos desenvolvedores, e acredito que ele deve ser continuado e complementado, dado que existem atualmente diversos casos de uso onde sua utilização é fundamental (um deles: usar o Ooo como servidor para conversão de documentos).

Gosto de ideia de ter o ODF Toolkit desenvolvido junto com o OOo dentro da Apache, mas esta decisão ainda não foi tomada por lá. Para quem não conhece, o ODF Toolkit é um conjunto de ferramentas e bibliotecas desenvolvidas há alguns anos para a manipulação de documentos ODF sem a dependência de uma suíte de escritório.

Para que possamos ler e escrever os documentos, os filtros são mais do que necessários, e vale a pena lembrar de que funções como Assinatura Digital e Criptografia podem ser feitas nesta camada.

Temos ainda a necessidade de ter a documentação do projeto bem elaborada, de manter o suporte nele a diversos idiomas e gosto da possibilidade de podermos fazer um “rebrandind” do software todo. Esta ideia do “rebranding” é basicamente centralizar todas as strings com o nome do produto (ex “Apache OpenOffice.org”) em um único local, pois se amanhã eu quiser utilizá-lo para gerar o “Jomar’s Office” ou a TDF decidir usa-lo como base do “LibreOffice”, tudo seja feito de forma simplificada.

Quando pensei nesta proposta de arquitetura, pensei ainda na forma pela qual poderemos organizar o desenvolvimento do software, uma vez que em cada uma destas caixinhas existem conhecimentos e expertise específicos e com isso, poderemos manter desenvolvedores focados em pontos específicos do desenvolvimento (cada um dá o seu melhor naquilo que gosta e é capaz de fazer), e ainda conseguiremos manter tudo funcionando de forma integrada.

Não coloquei ali nenhuma atividade referente a marketing, treinamento e suporte, pois acredito de verdade que estas são três funções específicas de cada país e para cada caso de uso da suíte, sendo funções muito dependentes da cultura local, e portanto, defendo o modelo onde os projetos nacionais sejam mantidos “como sestão” e que tenham representantes trabalhando de verdade dentro da Apache. O mesmo raciocínio vale para os esforços de localização do produto.

Para concluir, eu acredito que estamos nos arrumando na nova casa para poder trabalhar nas próximas décadas com o OpenOffice, e acredito que toda a indústria vai se beneficiar deste novo arranjo. Entendo e respeito a chateação de algumas pessoas e grupos neste processo de transição, mas não tenho dúvidas de que o bom senso vai prevalecer e que vamos unir as forças para continuarmos nossa batalha.

Algumas pessoas já me perguntaram o que exatamente eu quero fazer por lá, e a resposta é simples: quero fazer o que eu PUDER e o que o projeto PRECISAR. Ajudar é atender à necessidade do outro, e não agir de acordo com a sua própria vontade (se conseguir conciliar ambos, perfeito !)

Estarei palestrando no FISL 12 no final deste mês, e não consegui um espaço na grade do evento para tratar do Apache OpenOffice.org especificamente, mas estarei por lá durante todo o evento pronto para discutir o projeto com quem tiver interesse em participar. Estou também à disposição aqui no Blog para qualquer esclarecimento necessário, e convido a todos a participar conosco neste projeto.

PS.: Não vou responder questões filosóficas nem sobre os “por quês” do passado nos comentários. Se pensa em tocar nestes assuntos aqui, por favor leia isso antes. Já aprendi uma lição valiosa na Apache: por lá, troll ganha crachá bem rápido !


Filed under: Interoperability, ODF, OOo, Português Article tags: Apache OpenOffice.org LibreOffice TDF ODF



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